sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A ansiedade do UFC 168

Arrisco a opinião que de uns dias para cá, uma semana talvez, o salário que o Anderson Silva recebe não vale a ansiedade que ele deve estar sentindo. Imagine o inferno que é: qualquer palavra que você diz vira matéria de imprensa e sai na capa das revistas especializadas. Tem que tomar muito cuidado também, porque uma vírgula fora do lugar e já distorcem tudo, dizem que você não é humilde, vira crítica a algum outro personagem, que gera mais mil matérias sobre o assunto com um monte de esclarecimentos, quando tudo o que ele (provavelmente) quer é entrar lá e lutar. Acho que nem precisava ter alguém assistindo, mas... esse circo todo é o que tem pra hoje.


Sobre tudo isso, acrescente-se a terrível mania de trolar Deus e o mundo. Tem muito frustrado espírito de porco por aí que sente prazer em criticar, denegrir, xingar, enfim, colocar toda a sua frustração em um comentário na internet. Parece até que alguém vai se dar ao trabalho de dar a devida atenção. Vai ver é por isso que os lutadores não respondem os comentários, porque se responderem um vão precisar responder todos e têm uns que realmente...

Mas tudo bem, opinião todo mundo tem e se existe uma liberdade nesse mundo é a de falar, pode até falar bobagem. Assim como eu, que falo muita bobagem, mas pelo menos eu não falo para ofender ninguém.

Deve ser duro para o Spider manter a cabeça no lugar. Latino tem dificuldade em controlar as emoções e isso vai do Spider à Seleção Brasileira. Qualquer pressão, arrebenta – e nisso os americanos são muito melhores do que nós. Eles já nasceram no show business e encaram melhor a fama.

O Anderson, coitado, deve ter passado por "um banho de loja" da R9 (empresa do Ronaldo que o assessora) e ser treinado sobre o que falar e o que não falar. Tanto o é que as entrevistas dele ficaram chatas. Não que ele seja chato, mas porque não pode correr o risco de ser mal interpretado, as respostas são as mesmas (assim como as perguntas) e dentro de certos limites bem estudados. Todas as entrevistas seguem o mesmo script, pode ver. Dá para ver na cara dele que ele não fala o que pensa. Nem poderia. Olhe o sorriso que ele dá quando é perguntado sobre o Dana White... :-)

Só espero que isso não vire panela de pressão na cabeça do Anderson, porque isso sim pode destruir a carreira do maior lutador de todos os tempos. Tem uma mágica no Anderson (será que ele percebe?), que está nos detalhes: uma joelhada no abdômen que fez o cara baixar a cabeça no ponto certo para aquela outra mão do Spider, que deveria estar lá só para dar apoio, entrar com um soco no queixo que derruba o adversário (como na luta contra o Rich Franklin). Ou quando ele conduz o Dan Henderson com calma no chão, até encaixar o mata leão. Faz parecer simples, parece que só fez força na hora de apertar o pescoço do velho wrestler. O Anderson se posiciona de formas que criam oportunidades para ele. A coisa vai muito além da técnica de chutar, socar e rolar.

Isso chama-se talento. Talento que Weidman não tem. Weidman é muito completo, mas segue a cartilha do bom lutador, tem poucas surpresas no jogo. Basta ver a luta dele contra um Demian Maia fisicamente mal preparado e tentando se dar bem com o boxe. Apesar de ser um boxeador mediano, Demian perdeu só nos pontos. Weidman punha ele no chão (onde ele devia ter ficado e vencido), mas Demian se levantava com facilidade e ia pro pau.

Se Anderson tiver calibrado seu BJJ com o André Galvão (um monstro da Arte Suave), não tem para ninguém. Nem o chão orquestrado por Renzo Gracie vai ajudar. Aliás, é uma pena que o Renzo treine o Weidman e torça por ele. É assim que vai se criando o American Jiu Jitsu, graças às dificuldades que Brasil apresenta (ou apresentou) à família Gracie para atingir seus objetivos por aqui mesmo. Pena para nós, porque fizeram muito bem os Gracie.

Espero que o Anderson recupere esse título. Não só por ele, mas pelos brasileiros que se projetam nele, porque Anderson Silva é o mais brasileiro dos brasileiros no UFC, mesmo morando nos EUA e se vestindo como os caras de lá. É a coisa do trejeito, da fala, do jeito meio moleque, do jogador de futebol perneta que sofreu preconceito por ser negro e venceu os americanos na luta, por mérito.

Coisa que não deve acontecer, mas que seria muito bonito: Anderson nocautear o Weidman no melhor estilo "madeeeiiraaaaa"– aquele em que o Weidman desaba no chão. Depois, Anderson anunciar que vai se aposentar e dar o cinturão ao CW (só para o Belfort recuperá-lo depois. Hehehe). Seria lindo, histórico! Iam fazer estátua do Anderson, ele desfilaria em caminhão de bombeiro ao retornar ao Brasil. É nóis!

Seria o Anderson aparecendo com a marca de sua escola de artes marciais – Muay Thai College – um sinal de que está prestes a se aposentar como professor de artes marciais e empresário de academias? Eu gosto! Seria um final glorioso para a saga do Anderson! Por cima!

Mas não é isso que vai acontecer. Acho que o Belfort deve ser o próximo campeão. Se não for ele, o Jacaré. Talvez o Machida, mas a não ser que o Weidman tenha evoluído muito, mas muito mesmo, esse cinturão não vai ficar com ele muito tempo. Pode escrever.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Caim matou Abel e Cain "matou" Cigano no UFC 166

Que o Junior Cigano é um grande lutador, que tem coração, determinação e um queixo duríssimo, disso não há dúvida. Mas, o que eu vi no MMA do último sábado foi um boxeador (Junior "Cigano"dos Santos) enfrentando um lutador de MMA completo (Cain Velasquez).

A estratégia do Cain era fácil de prever, não era? Como boxeador não há dúvida, Cigano provavelmente é o melhor do MMA. A estratégia, então, deveria ser derrubá-lo ou tirar o espaço que dá a potência dos golpes – e foi exatamente isso que Velasquez fez com maestria. Por sinal, foi minha 1ª aula de jiu jitsu: "grudar" no oponente e tirá-lo do eixo de equilíbrio.

Assisti um Velasquez agressivo sempre caminhando para frente e um Cigano na defensiva, andando para trás tentando contragolpes até ser prensado na grade, uma vez após a outra, ininterruptamente por 4 rounds. Cigano foi ficando cansado pela isometria ao tentar se defender e Velasquez ainda aproveitava qualquer espaço para deixar de presente um uppercut ou um cruzado. Ele anulou de tal forma o jogo do Cigano, que só não foi humilhante porque o ex campeão demonstrou muito coração para aguentar 4 rounds de espancamento.

Fiquei com a sensação de que o jogo do Cigano é muito previsível e, portanto, fácil de neutralizar por oponentes de nível similar, e que apesar do talento para MMA, parece que ele só se sente seguro no boxe. Ele se prendeu à mesma estratégia das duas lutas anteriores, mas só na primeira funcionou porque o golpe entrou logo de cara. Culpa do head coach? Talvez...

Com propriedade disse o jornalista Marcelo Alonso no Ponto Final do Canal Combate depois que Cigano perdeu para Velasquez da primeira vez: ele precisa mudar o jogo, treinar outras coisas além de boxe. Enfim...

A lição que ficou do UFC 166 é meio chavão, mas também a mais pura verdade: se você continuar fazendo as coisas do jeito que sempre fez, não espere resultados diferentes.




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

UFC Fight Night Barueri 9/10/2013: Maia x Shields

No fosso que fica entre o octógono premium e o octógono, seguranças, imprensa, VIPs, câmeras, etc. tampando a visão 
Esse é o mais próximo que dá para chegar do octógono. Quem vê melhor são os fotógrafos VIPs e a imprensa. "Nós é resto", mesmo quem paga caro. 
Eu estava sentado no Setor A, octogono premium. Foi realizar um sonho (muito caro), mas acho que não volto mais. Muito caro.
Renan Barão

Leo Santos, campeão do TUF Brasil 2

O grande campeão José Aldo

It's time! Bruce Buffer
Estive no UFC Fight Night Barueri do último dia 9 de outubro. Foi um sonho (muito caro!) realizado, bom para concluir que o custo x benefício não vale a pena. O BOM e o RUIM:

BOM: as quedas fazem um barulho incrível, que a TV não demonstra; ter a chance de se aproximar dos ídolos, que tratam muito bem os fãs; ver o suor espirrando a cada golpe; fica mais evidente como é duro fisicamente (os lutadores chegam completamente esgotados ao 2º round); o grito da torcida ("uh! Vai morrer!").

RUIM: muito caro e não dá para escolher os lugares; há um fosso entre os lugares premium e o octógono que fica repleto de fotógrafos, jornalistas e VIPs tampando a visão; quando a luta vai para o chão, você só vê se for logo à sua frente; não vende cerveja (pô! Cadê a Bud?); o jogo de luzes às vezes cega a visão; êita cadeira sem vergonha! Esperava mais pelo que paguei; as ring girls são muito magrelas ao vivo... :-); não vi a Kyra Gracie! :-(

CONCLUSÃO: prefiro ver pela TV confortavelmente deitado no sofá tomando uma cerveja gelada. Aliás, eles colocam algum filtro nas câmeras que dramatizam as lutas. Ao vivo, parece aquele filme "300", porém sem os efeitos especiais. :-)

Como eu não sou VIP para ficar com o nariz na grade, o jeito é sintonizar o Canal Combate. Pelo menos em casa eu sou VIP, com sofá confortável, cerveja e churrasco para acompanhar.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Os diferentes estilos de Taekwondo

Assim como no Karatê, o Taekwondo também tem diversos estilos, mas também diversas grafias: Taekwondo, Tae Kwon Do e TaekWon-Do são algumas. Há muitas escolas e muitos estilos e geralmente quem está de fora associa o Taekwondo ao esporte olímpico. Curioso é que o estilo mais praticado no mundo, o ITF e a ATA como seu descendente direto, parecem muito mais com o Karatê do que com o esporte que se assiste na TV.

Resumindo, há várias, mas as principais são mesmo essas três:

WTF - World Taekwondo Federation

Esse é o esporte olímpico, fortemente focado em sparring com muita proteção. Conhecido como o estilo oficial da Coréia, suportado pelo governo coreano e o Comitê Olímpico.



ITF - International TaekWon-Do Federation

O estilo mais "hardcore" de Taekwondo, porque as lutas são full-contact e com pouca proteção; e também o mais parecido com Karatê. Uns dizem que nasceu das influências japonesas misturadas com as artes marciais tradicionais coreanas.



ATA - American Taekwondo Association

Há quem considere a ATA um desmembramento da ITF. O conteúdo básico é muito similar (para não dizer igual), a diferença está nas espetaculares fórmulas que deram origem ao estilo Songahm ("pinheiro"ou "rocha" em coreano). O conteúdo das faixas é bem extenso e há combinações de sparring e defesa pessoal baseado em outras artes marciais, como Jiu Jitsu e artes marciais filipinas.


A ATA é muito criticada nos EUA, acusada de Bullshido, McDojo e coisas piores. Muitas vezes as críticas são válidas, porque dizem que há algumas unidades lá apenas interessadas no vil metal graduando faixas pretas sem muito rigor. Definitivamente, essas academias não são a maioria da rede ATA, mas esses problemas reverberam muito pela internet. Eu acredito que isso aconteça porque a marca ATA está estampada na porta de cada academia, o que não acontece com as academias da ITF e WTF (essas federações também devem ter academias com problemas de qualidade).

Acho todos os estilos muito bonitos e parecidos em alguns pontos. Igualmente eficazes a seu modo. Afinal, é o lutador que faz a diferença e não a arte marcial que ele pratica.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Um argumento que justifica a eficácia do Taekwondo

Ouvi esses dias, pensei muito sobre o assunto e queria registrar.

Um, ou "o" argumento que justifica a eficácia do Taekwondo é que as pernas são os membros mais longos do corpo – portanto dificultando o alcance do oponente – e também os mais fortes. Por isso, em tese, o bom domínio das pernas pode não só impedir que o adversário chegue até você como nocauteá-lo rapidamente.

O problema, como diz um colega faixa preta, é que o domínio do Taekwondo (a ponto de utilizar pés e pernas nesse nível) leva uns 20 anos.

Ao levantarmos as pernas para chutar, colocamos em risco o equilíbrio e se o chute for muito alto, expomos as genitais. Isso em si mesmo não é um problema, pois até um soco direto prejudica sua estabilidade, mas o problema é ter o domínio verdadeiro sobre pés e pernas como a maioria tem – porque é mais fácil ter – sobre mãos e braços.

Para minimizar o risco e fazer dos chutes armas realmente letais, é preciso ter a mesma destreza com pés e pernas que se tem com as mãos e braços, o que é extremamente difícil e deve levar mesmo uns 20 anos de treino. Até hoje, vi poucos faixas pretas de Taekwondo capazes de fazerem o que quiserem com as pernas, isto é, chutes rápidos, em sequência, em qualquer altura e quantidade, com precisão. Geralmente são Mestres (faixas pretas do 6º grau e acima), o que implica em duas décadas de treino anyway.

Contudo, difícil não é impossível. Anthony "Showtime" Pettis que o diga. Veja nos highlight como ele usa o poder dos chutes, provavelmente melhor que a maioria dos lutadores atuais do UFC. Sim, ele treina Muay Thai, mas assim como outros lutadores de Taekwondo, como Ben Henderson e Anderson Silva, seu estilo de Thai é um mix com Taekwondo, o que se vê claramente nos chutes.

Eis os highlights do Anthony Pettis, que demonstram uma técnica de chutes apurada (e adaptada ao jogo do MMA):




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Abrindo os olhos com o UFC 163

O UFC Rio do último sábado teve cara de fim de festa, pelo menos para alguns.

Não teve o Dana White, nem o Joe Rogan. Artistas conhecidos também não. Lutadores conhecidos só alguns e a maioria dos que participaram do UFC Tour 2013 ficaram com medo de vir ao Brasil (medo besta, mas não os culpo). O HSBC Arena estava longe de estar cheio, mesmo com os campeões Lyoto Machida e José Aldo no card.

Para piorar, Lyoto perdeu. Ou melhor, não perdeu, isso foi só na cabeça distorcida dos juízes. Se o dragão não foi tão contundente, Phil Davis também não. Os juízes premiaram uma luta de wrestling, com uma estratégia cuidadosamente executada visando pontos. By the book.

O outro lado da moeda é que o UFC mudou e o meu receio é que lutadores de estilo "clássico" como Lyoto, Anderson, etc estejam perdendo espaço para a moda do momento (wrestling) e lutas sanguinolentas. Será que o estilo dos nossos campeões ficou manjado demais para vencer? Para dar boa audiência?

Para piorar, essa semana Dana White resolveu mandar o Roger Gracie pra rua, implicar com o Belfort e o Anderson caiu para 5° lugar no ranking P4P. Tudo isso sendo que os dois cinturões perdidos (Cigano e Anderson) continuam frescos na memória nacional.

A vida dos brasileiros sempre foi mais difícil que a dos americanos no UFC, haja visto o palhaço de circo e saco de pancadas Chael Sonnen, que perde à vontade e continua empregado.

Será que é por isso tudo que o HSBC Arena estava tão vazio no último sábado?

terça-feira, 30 de julho de 2013

Taekwondo no MMA, Karate no MMA ou qualquer outra arte marcial no MMA. Qual a melhor?

Uma discussão que surge o tempo todo são as disputas entre as artes marciais: qual a melhor? Qual a mais indicada? Há algumas décadas, esse debate culminou no Vale Tudo, que acabou se transformando em um esporte: o MMA. E como opinião cada um tem a sua, eis a minha, construída através da experiência pessoal e da opinião de diversos atletas e praticantes de artes marciais.

Não vou me aprofundar na questão "qual a melhor arte marcial", porque tudo depende do contexto e da qualidade do praticante ou lutador. Por exemplo, técnica por técnica, na luta honrada (com regras) de duas pessoas oriundas de modalidades diferentes e igualmente competentes, o Jiu Jitsu Brasileiro já se comprovou a mais eficaz. Porém, numa briga de rua com múltiplos oponentes, tudo é diferente. Se a distância para trabalhar é curta, provavelmente golpes do Boxe e do Muay Thai darão mais vantagem. Em campo aberto, com muita gente, onde velocidade, força e esquivas são importantes, Taekwondo, Karate e assim por diante, mas sei que tudo é discutível.

Acho que todas as modalidades são úteis para as lutas, seja no MMA ou numa briga de rua, talvez umas melhores que outras conforme a situação, mas TODAS requerem adaptações em todos os casos, seja BJJ, TKD, etc. Talvez, uma das únicas "artes" desenhadas exclusivamente com fins de combate e autodefesa, que muitos preferem nem chamar de arte marcial, é o Krav Magá, que prevê fintas, desarmamentos, golpes nos genitais e também técnicas de chão (e o que mais for necessário para salvar sua pele).

Discordo que arte marcial e luta sejam sinônimos. Chama-se ARTE marcial e um dos aspectos dessa arte é a luta, seja para esporte ou para a defesa pessoal, mas os benefícios para o praticante vão muito além da briga. As artes marciais visam o aperfeiçoamento físico, emocional, mental e até mesmo a "iluminação espiritual" de seus praticantes quando consideramos sua filosofia e valores.

Os grandes mestres das artes marciais, por sinal, costumam enfatizar princípios de não-violência e que até mesmo a auto-defesa deve ser utilizada apenas no caso da vida estar ameaçada. Gostei muito de um documentário (em inglês) chamado Samurai Spirit: Karate, onde um Karateca campeão de kickboxing vai até Okinawa para conhecer as origens e técnicas dessa arte marcial e se surpreende ao constatar que apesar dos treinos rigorosos, eles não visam luta. Aliás, procuram evitá-la a todo custo. Esse documentário é essencial para o entendimento do espírito das artes marciais.

A arte marcial mais eficaz e indicada é aquela onde você se sente melhor e, como talvez diria Bruce Lee: onde você consegue expressar melhor sua personalidade. Me encontrei no Taekwondo porque as fórmulas (katas) são uma forma de meditação para mim, mas minha estrutura física mais forte e pesada dificulta um pouco a agilidade e os chutes altos. Em contrapartida, isso tem me favorecido no Jiu Jitsu.

Interessante será ver o que acontecerá com as artes marciais no futuro, sob influência do MMA. Todas as artes marciais historicamente sofreram transformações e adaptações: do Jiu Jitsu japonês ao Judô e BJJ, do Taekkyeon ao Taekwondo e assim por diante. Há quem diga que a base de todas é a mesma: o Kung Fu. Será que o MMA as reunirá de novo? Na minha academia, isso parece já estar acontecendo bem devagar, com erros e acertos, com o ATA IMAS (Integrated Martial Arts System), que é ao mesmo tempo um treinamento e uma competição com regras do MMA bem mais suavizadas, porque os praticantes não são atletas profissionais. Um dos promotores da idéia na ATA é o Chief Master M. K. Lee, que além de 8º Dan em Songahm Taekwondo, é faixa preta de Jiu Jitsu Brasileiro.

Veja mais:


terça-feira, 16 de julho de 2013

Mais uma palavra sobre Anderson Silva vs Weidman

Anderson perdeu porque exagerou na dose da brincadeira? Acho que não só por isso, mas também porque se excedeu ao tentar se valer de uma fórmula já desgastada.

Veja, Anderson é muito bom e se a luta provou algo (até onde ela durou) é sua superioridade sobre Weidman. No entanto, talvez ele tivesse perdido a luta mais para frente e de forma mais "legítima", mesmo o Spider sendo o melhor lutador.

Por melhor que ele seja, o jogo dele é o mesmo há muito tempo e já foi muito estudado. Se eu fosse o Anderson, eu sairia por aí dizendo que meu jogo funciona e que não irei mudá-lo, mas apareceria totalmente renovado na revanche em 28 de dezembro. Isso sim desestabilizará o Weidman, não as provocações para as quais o oponente estará ainda mais preparado na segunda chance.



Eu estudaria as esquivas rodadas de José Aldo contra Frankie Edgar para evitar as quedas. Aprenderia como o Demian Maia levantou facinho, facinho após ser derrubado na luta contra o próprio Weidman. E aproveitaria o contra ataque, porque o Weidman é rápido e forte, mas não dá sequência aos golpes e parece que fica um pouco assustado quando o atingem.

Aliás, é por essa mesma razão que o Belfort bateria fácil no Weidman. Vitor Belfort é melhor no chão, no boxe e muito mais explosivo. Se o Belfort achasse espaço para aquela sequência de socos caminhando para frente que ele costumava dar, o Weidman sucumbiria.

Espero que Anderson faça uso de seus talentos, mas que use esses seis meses até a revanche para adquirir novas armas e elaborar estratégias diferentes, que se reinvente como lutador e surpreenda o adversário. Os grandes campeões são aqueles que sabem aprender coisas novas, os que não ficam presos a fórmulas. Como diria nosso ídolo Bruce Lee: be water, my friend.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

1ª aula de BJJ - Jiu Jitsu Brasileiro

Conquistei em dezembro de 2012 a faixa preta no TKD e mesmo que ainda haja muita, muita coisa a aprender, sempre quis aprender uma arte marcial complementar e reconhecidamente eficaz. Se amplamente difundida no Brasil, isto é, acessível, melhor ainda, porque estar no Brasil fazendo uma arte marcial coreana cuja associação tem sede nos EUA me deixa de fora de muita coisa boa. Por exemplo: o rico conteúdo das apostilas e vídeos "The Way Of Traditional Taekwondo" da ATA - American Taekwondo Association e todo o conteúdo do site, inclusive artigos da marca. E quando são vendidos aqui, é por um preço altíssimo e demora meses para chegar.

O bjj - jiu jitsu brasileiro foi a escolha óbvia. Em primeiro lugar, porque indiscutivelmente provou-se a luta mais eficaz no combate honrado homem a homem. Cheguei a uma conclusão não definitiva: o jiu jitsu se sai melhor porque usa a gravidade (ou as leis da física de forma geral) a seu favor, enquanto as artes marciais tradicionais tem mais oponentes - essas mesmas leis -, que só são vencidas através da força física e disciplina de treino (tente dar um chute lateral acima de sua cabeça para você ver).

Não que as artes marciais tradicionais sejam ineficazes. As técnicas do TKD, por exemplo, são espetaculares e vastas, tanto é que é a primeira faixa preta de muitos lutadores do UFC: Anderson Silva, Anthony Pettis, Ben Henderson e Edson Barboza, entre outros. Contudo, demora uns 20 anos até se obter o domínio de suas técnicas, e mesmo assim grandes mestres viram sacos de pancadas quando a luta vai para o chão contra um bom grappler.

Ainda em defesa das artes marciais tradicionais: em uma briga de rua, elas provavelmente darão mais ferramentas para defesa pessoal que o bjj. Isso porque as brigas de rua de hoje são brigas de turma e tudo o que não se quer numa situação dessas é estar vulnerável no chão.

Enfim... Fiz minha primeira aula de jiu jitsu no último sábado e gostei muito, inclusive da didática: exercícios de aquecimento, aprendizado e repetição de técnicas e rounds de luta no final (na minha academia de TKD é tanto conteúdo e parte física durante a aula que nem sempre dá tempo de fazer sparring. E quando dá, meu desempenho cai muito devido ao cansaço).
Curti, bjj. Rumo à faixa preta, mas sem pressa. Quero curtir cada parte.

Ao Anderson "Spider" Silva

Está todo mundo bravo contigo (eu inclusive) porque todo mundo te ama, Spider. E ao vê-lo perder por KO de um adversário muito inferior a você de maneira tão besta, a gente se sentiu traído, porque o que há de melhor no povo brasileiro entrou contigo naquele octógono.

Você mesmo disse que aquele cinturão era patrimônio do Brasil e a gente se sentiu mais uma vez um país de 3º mundo quando o viu embalado pela bandeira americana.

O mérito do Weidman foi um só: não perder o foco. Foi visualizar o cinturão sendo colocado nele (o poder da visualização!) e ser louco o suficiente para acreditar nisso.

Já não se trata mais de recuperar o cinturão, mas sim a honra das artes marciais brasileiras e o orgulho nacional, nem que essa tarefa caiba ao Belfort.

Seus números não mentem: você é o melhor de todos os tempos e não deve nada a ninguém. Possui o direito legitimo de ir descansar com sua família. Merecia ter ganhado muito mais dinheiro. Só é uma pena que a história termine assim.